Chamo-me Fernando e tenho 50 anos. Acho importante revelar a idade antes de qualquer coisa, já que no universo homossexual em que vivemos esse fator é extremamente relevante, pois, quase sempre nós, “coroas/tiozões”, somos relegados a uma espécie de aposentadoria involuntária em virtude da nossa libido. Não podemos (ou não devemos?) sentir desejo. Expô-los, então, é quase uma afronta, um crime contra a humanidade, contra as pulsões sexuais dos corpos ditos perfeitos, que pululam pelos aplicativos e redes sociais em busca de sexo.
Não estou criticando as preferências de ninguém, até porque tenho as minhas e gosto que as respeitem. Apenas desaprovo àqueles que se acham no direito de deduzir que a sua escolha possa estar acima do bem e do mal em detrimento a todas as outras, acreditando que todos os demais que não se encaixem na sua percepção de realidade e pseudoperfeição devem ser relegados à plateia do oba-oba do sexo. Que o digam os corredores semiescuros das saunas, não é mesmo?